[...] - Rony! Café da manhã.
- Não estou com fome.
Harry encarou-o.
- Achei que você tinha acabado de dizer...?
- Bem, tudo bem, eu desço com você - suspirou Rony -, mas não quero comer.
Harry examinou-o desconfiado.
- Você acabou de comer metade de uma caixa de caldeirões de chocolate, não foi?
- Não é isso - Rony tornou a suspirar - Você... não entenderia.
- Então tá... - respondeu Harry, embora intrigado, virando-se para abrir a porta.
- Harry! - Rony chamou de repente.
- Quê?
- Harry, não consigo suportar!
- Não consegue suportar o quê? - indagou Harry, agora decididamente começando a se assustar. Rony estava muito pálido como se fosse enjoar.
- Nâo consigo parar de pensar nela! - respondeu ele rouco.
Harry olhou-o boquiaberto. Não esperava uma coisa dessas e não estava muito seguro de que queria ouvi-la. Eram amigos, mas se Rony começasse a chamar Lilá de "Lá-lá", ele teria de resisitir com firmeza.
- E em que isso impede você de tomar café? - perguntou Harry, tentando introduzir uma dose de bom senso na negociação.
- Acho que ela não sabe que eu existo - respondeu o amigo com um gesto desesperado.
- Decididamente, ela sabe que você existe - replicou Harry, espantado. - Ela não pára de agarrar você, não é?
Rony abriu e fechou os olhos.
- De quem é que você está falando?
- De quem é que você está falando? - perguntou Harry, com a sensação crescente de que a conversa deixara de ser racional.
- Romilda Vane - respondeu Rony baixinho, e todo o seu rosto pareceu iluminar ao dizer este nome, como se um puríssimo raio de Sol o tivesse atingido.
Os dois se encararam por quase um minuto e, por fim, Harry falou:
- Isto é uma brincadeira, certo? Você está brincando.
- Acho... Harry, acho que estou apaixonado por ela - disse Rony com a voz estrangulada.
- O.k. - concordou Harry, aproximando=-se de Rony para examinar melhor os seus olhos vidrados e o rosto pálido.
- Amo a Romilda - repetiu Rony de um fôlego - Você notou os cabelos dela, são negros e brilhantes e macios... e os olhos? Aqueles olhos enormes, negros? E...
- É muito engraçado e tudo mais - disse Harry impaciente -, mas chega de brincadeira, tá? Acabou. [...]
Harry Potter e o enigma do Príncipe, Surpresas de Aniversário, páginas 307 e 308.
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